sexta-feira, 8 de abril de 2022

Classificação das variedades: a Classificação de Pretti

Português forense : língua portuguesa para curso de direito / João Bosco Medeiros, Carolina Tomasi.  8. ed.  São Paulo : Atlas, 2016, p. 25-26:



"A língua permite que os membros de uma sociedade se comuniquem e estabeleçam relações humanas. Assim, entre língua e sociedade a relação não é de mera casualidade. A vida social supõe sempre o intercâmbio comunicacional que se realiza sobretudo pela língua.

Para William Bright, segundo Preti (1977, p. 6), a Sociolinguística objetiva comparar a estrutura linguística com a estrutura social, ou seja, varia sistematicamente a estrutura linguística conforme a estrutura social a que pertencem os usuários dela. A Sociolinguística trata, portanto, da diversidade linguística condicionada por fatores sociais, como emissor, receptor, contexto.

Os habitantes de uma região (cidade, vila) desenvolvem formas de atuação linguística que lhes são peculiares e que os tornam distintos de outras regiões. E mesmo na variedade utilizada na cidade (urbana) não há uniformidade, assim como na variedade rural também não há apenas uma norma. Assim, são várias as variedades urbanas e várias as rurais.

Segundo Carvalho (1967, v. 1, p. 297), a diversidade provém ou de fator de ordem geográfica (ou local), ou de ordem social (ou cultural). Não se resume, pois, a diversidade a fatores regionais, pois a variedade pode ocorrer até mesmo dentro de uma mesma região ou localidade. Ela pode apoiar-se também em elementos sociais. O homem aprende a falar no meio familiar e social em que vive; esse ambiente é caracterizado por normas e costumes linguísticos diferentes daqueles que regem pessoas de outros ambientes.

Enfim, a diversidade ou uniformidade de uma língua está condicionada por fatores extralinguísticos. A diversidade linguística, no entanto, não apenas advém de um agrupamento geográfico para outro ou de um indivíduo para outro (variante sociocultural), mas também pode nascer do comportamento linguístico de um mesmo indivíduo. Este não utiliza a mesma variedade em todas as suas manifestações linguísticas: em conversa com amigos poderá utilizar uma variedade (prestigiada ou não prestigiada, conforme o efeito de sentido que deseja produzir) e outra em sua atividade profissional. Por exemplo, usar um vocabulário requintado, bem como utilizar expressões como V. Sa., V. Exa., ou estruturas sintáticas altamente elaboradas, para chamar a atenção ou provocar riso. Assim, as variedades contextuais dependem das circunstâncias em que ocorre a comunicação. Um mesmo falante pode valer-se de diversas variedades linguísticas, dependendo da situação. As variações quanto ao uso da linguagem pelo mesmo falante, determinadas pela diversidade de situação, recebem o nome de REGISTRO, ou níveis de fala. Pode-se dizer que todo ato de fala tem um estilo próprio. Para Carvalho (1967, v. 1, p. 302):

Tais variações observadas de momento para momento na atividade linguística de um único sujeito devem interpretar-se como o resultado da adequação que o mesmo realiza das formas que constituem o inventário da sua técnica de falar às finalidades específicas, isto é, à satisfação das necessidades cognitivas e manifestativas próprias de cada um dos seus atos verbais, das necessidades que momentaneamente os condicionam ou determinam.

Classificação de Pretti

As variedades linguísticas em uso no Brasil têm sido objeto de variadas classificações. Vejamos primeiramente a de Preti (2000, p. 39), que admite um nível intermediário entre o padrão e o não padrão:

Níveis de fala:
1) Formal (situações de formalidade; predomínio da linguagem "culta";                 comportamento linguístico mais refletido, mais tenso; vocabulário técnico etc).
2) Comum
3) Coloquial (situações familiares ou de menor formalidade; predomínio da linguagem popular; comportamento linguístico mais distenso; gírias; linguagem afetiva, expressões obscenas etc).

Pretti (2000, p. 30) salienta que os limites entre os níveis de linguagem são precários, “havendo, constantemente, a superposição dos dialetos, a contínua troca de um pelo outro”".

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